Pequenas Confissões: Almas gêmeas? Tipo tampa da panela?
12:00
Estávamos Rafael e
eu sentados no sofá, sem falar, apenas sentados. Esse era o bom no Rafa, eu não
sentia a urgência que eu sentia com o Lucas. Com o Rafa tudo andava mais
devagar, eu não sei se isso é bom ou ruim, mas eu não vou decidir agora. O
Lucas está sendo paciente comigo, paciente até demais, já se passaram três dias
da nossa conversa. Eu, como a boa mosca morta que sou, ainda não me decidi, é
coisa demais, sentimentos demais, traições demais. O Lucas... Ele é meu Sol, me
aquele, me da energia, me deixa elétrica e cheia de vida, parece que tudo fica
mais rápido quando eu estou com ele, meus batimentos, minha pulsação, é tudo
mágico e cheio de vida, eletricidade fica entre nós como se dissesse que nós
fomos feitos para estarmos juntos. O Rafael é tudo o oposto, ele é minha lua,
minha calma, meu desejo de estar, de ficar, de sentir, de andar como se o
amanhã fosse apenas mais uma realidade banal, ele é a brisa que sopra calma,
relaxante, não ha preça com ele, mas também não há a eletricidade, não parece
certo estar com ele.
O Lucas deve
esta no terraço, ele sempre fica lá desde que eu o mostrei. Aquele era o meu
lugar, o único lugar que eu podia parar pra pensar sem ter que parar e pensar
no sentimento alheio, apenas só eu e meu coração tentando entender o que se
passa no mundo. Eu compartilhei aquilo tudo com o Lucas, isso não deveria ser
uma prova de amor ou sei lá? A gente se beijou mais uma vez naquele lugar, e
foi aí que eu percebia que eu tinha que falar com o Rafael, urgente.
- Rafa? - Eu
quebrei o silencio pela primeira vez desde que ele chegou.
- Pois não?
- Você acredita
que cada pessoa tem outra? Alma gêmea e essas coisas?
- Almas gêmeas?
Tipo tampa da panela?
- Mais ou menos
isso.
- Você ta
brincando ou isso é tipo uma DR? Porque eu não acho que eu estou vestido pra
uma DR. - Eu rio.
- Não, é apenas
uma simples pergunta, com a mais pura das intenções. - Ele me olha desconfiado
e suspira.
- Não, eu não
acredito.
- Nem um pouco.
- Por que?
- Eu acredito nos caminhos da vida. Se
estivéssemos destinados a uma pessoa é como se nós não tivéssemos livre
arbítrio, como se tudo que vivemos já tivesse sido escrito antes de vivermos. -
Eu me mantive calada, apenas pensando no que ele acabara de me falar. - O que
foi? Calou-se de novo? Você está estranha esses dias.
- Nada, acho que o destino está brincando
comigo.
- Como assim?
- Eu e o Lucas a gente se beijou. - Ele
ficou chocado. - Eu não vou dizer aquela babaquice de que não significou nada,
porque significou sim, significou muita coisa. Eu também não vou fingir que me
arrependi, porque eu amo o Lucas. Mas eu também te amo. E, pra falar a
verdade, eu não sei com quem ficar. Não sei e com certeza não vou saber
por um bom tempo.
- O que isso significa, Sophia?
- Posso terminar? - Ele se cala. - Mas eu
não estou pronta para abrir mão de nenhum dos dois. Sou escrota? Sou, mas eu
não quero tomar uma decisão agora e me arrepender no futuro.
- E o que você vai fazer então?
- Vou ficar com os dois.
- O que!?
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