Crônica: Ausência não mata, nem mesmo a sua
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Não é um adeus. Nem um até breve. Isso nem mesmo é uma
despedida. Posso ficar listando por horas o que isso não é, mas sei que o ponto
chave é saber o que é de fato. Sinceramente? Não consigo te dizer. Seja o que
for, esteja ciente de que as coisas estão mudando. Já sentei e imaginei mil e
uma maneiras de te fazer voltar e ficar. “Será que se eu escrever uma carta de
onze páginas você volta?” “Talvez se eu mudar o cabelo ou usar palavras mais bonitas...
Será que volta?” “Ah, já sei! E se eu finalmente trocar o cd do som do quarto?
Ou for a outras cafeterias? Trocar a lasanha pela pizza?”. Ridícula, da cabeça
aos pés. Boatos de que o amor faz isso, nos ridiculariza. Mas pode esquecer
isso tudo, o único cd a ser trocado será esse que toca a nossa relação, toca
essa ridiculice. Não que meu amor por você tenha diminuído, é que o meu amor
por mim aumentou. Eu dava voltas e voltas, girava em torno de mim, em volta da
cama, da mesa, da pilha de livros nunca lidos, sempre pensando em como te ter
de volta. Começou a ser tolice, parecer delírio. Eu sonhando em como te ter de
volta e você não ligando nem um pouco para mim. Agora já chega, já ta bom, já to
cansada. Nada mais de checar o relógio a cada minuto. Nada mais de não dormir
para te esperar. Nada mais de acordar e olhar se tem mensagem antes mesmo de
abrir totalmente os olhos. Nada mais de esperar. Quando - ou se - quiser
chegar, seja bem-vindo, fique à vontade, a casa é sua, ficarei imensamente
feliz com a sua presença, como você bem sabe, ela é mais apreciada que todas as
outras. Mas se não quiser, tudo bem, estou à vontade e a casa é minha também,
minha presença já me faz bem feliz. Nunca ninguém morreu por falta de uma presença,
não vai ser comigo que vai acontecer. Nem mesmo se for a presença de quem é
grande fonte de felicidade.

1 comentários
Sobre adeus/(pseudo-)despedidas: A maior prova de amor é a liberdade. Preso, um pássaro não é nada mais do que um ornamento
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