Pequenas Confissões: That boy's not good for you
11:58
Estava deitado na minha cama improvisada
no quarto de hospedes do pequeno apartamento da Sophia. A mãe dela,
supostamente era pra ficar aqui, mas, ops, o Lucas apareceu. Agora dona Vera
dormiria com sua filha no quarto dela, e eu aqui. Deus sabe como eu daria
tudo para estar no lugar dela. Faz duas horas desde que estou esperando a
Sophia aqui, a mãe dela me disse que assim que ela chegasse mandaria a Soh
falar comigo, e eu estou esperando desde então. Eu olho para o teto, é difícil
de acreditar que eu voei 9.400 km só pra ver alguém, isso deveria ser uma prova
de amor, não um motivo de repudiação, não é mesmo? Só a Sophia pra fazer de
tudo isso uma briga. Eu sorrio com esse pensamento, só a Sophia pra fazer um
monte de coisas. Minha menina era uma caixinha de surpresas. Foi aí que eu
escutei a leve batida na minha porta e me sento rapidamente.
- Lucas? - Era ela. Sophia. - Minha mãe
disse que você queria falar comigo, você está acordado?
- Estou sim - digo, levanto e coloco minha
blusa, isso tudo em fração de segundos - Espera um instante - Eu paro em frente
à porta, respiro fundo e abro. - Oi Soh, entra.
- Okay - Ela hesita um pouco, mas entra. -
Então, o que você queria falar comigo?
- Senta ai.
- Não, obrigada. - Ela cruza os braços no
peito e se encosta-se à cômoda. - Eu estou bem assim.
- Vai bancar a durona comigo, Sophia? - Eu
falo sorrindo.
- Eu... Eu não estou me fazendo de nada. -
Ela aperta mais ainda um braço no outro.
- Tudo bem. - Eu digo me sentando na cama.
- Anda desenbucha.
- Calma. - Eu dou uma risada. - Eu queria
pedir desculpas. - Ela relaxa a posição, mas logo retoma a pose de durona, o
que me faz sorrir.
- Pedir desculpas pelo que?
- Por tantas coisas, eu fui um imbecil
nesses últimos meses. Tudo que você precisava era de um amigo e... - Ela me
interrompe antes que eu possa terminar.
- Você está errado.
- Em que exatamente eu estou errado?
- Eu não precisava de um amigo. Eu
precisava de você. Só e somente você.
- Soh... - Eu me levando da cama indo em
direção a ela. Mas ela levanta uma mão.
- Não. Não força. Só... Só continua.
- Tudo bem. - Eu digo me sentando na cama
de volta. - Eu sei que tudo foi rápido, foi confuso, foi tenso pra você. Mas
tudo isso não foi só pra você, foi pra mim também. Quando você disse que estava
apaixonada por mim eu não sabia como agir, eu esperei cinco anos, Sophia, cinco
malditos anos pra me declarar e te ter em meus braços. - Ela pareceu chocada e
fez menção em falar. Mas eu a cortei antes disso. – Só me deixa terminar,
depois você pode falar, gritar, berrar, jogar seu sapato em mim, me mandar pra um
hotel ou até me mandar pro aeroporto no próximo vôo de volta pra São Paulo. Mas
só me deixa ter essa única chance de te falar tudo que eu sinto. Por favor. –
Ela acena, me dizendo para continuar. – Obrigada. Quando você, finalmente disse
que me amava de volta, eu já tinha perdido as esperanças, ha tanto tempo. Desde
que você começou a namorar o Rodrigo. E teve aquele dia lá em casa, que a gente
quase... Bem, minhas esperanças renovaram, mas você voltou pra ele. Ai a Carol
veio falar comigo, era mais parceria do que gostar, pelo menos da minha parte. Só
que eu achei egoísmo terminar tudo com ela, do nada. Então eu me afastei aos
poucos, claro, ela percebeu. Quem não perceberia? Foi meio obvio o jeito que eu
fiz isso, eu deixei de atender as ligações dela, na verdade, eu parei com o
mundo, eu estava seguindo em uma sintonia diferente. Todos viram. E ai quando
eu acabei de vez com a Carol eu fui atrás de você, aquele dia do parque,
lembra? Eu estava te esperando, eu fui pro parque uma hora mais cedo, eu queria
tanto te ver, falar com você, te tocar, te abraçar, me aproximar de novo de você.
Ai a Carol apareceu, sei lá porque ela me beijou e você apareceu e... E a vida
não fez mais sentido depois disso, eu tentei falar com você, mas você me
ignorava, eu fui ate a tua casa umas cinquenta vezes, mas a sua mãe não me
deixava entrar, você tinha pedido pra ela, tenho certeza. Foi quando ela
apareceu la em casa com aquela carta, meu Deus, eu desmoronei, todo meu ser
caiu, sumiu. Eu decidi que precisava te encontrar, te ter de novo. Eu estava
tão obsecado com te ter que eu não pensei em te ligar. Eu só pensava em te
abraçar.
- Lucas... Eu...
- Não fala, lembra? Me deixa terminar.
- Tudo bem.
- Ai eu soube que sua mãe vinha te
visitar, eu já tinha todo plano na minha mente, eu ia te fazer uma surpresa, me
declarar num lugar bonito, que eu iria pedir pra você me mostrar, você ia ficar
com a cara que você está fazendo agora e tudo seria como se nada tivesse
acontecido. Aí eu cheguei e você estava com esse cara que, Deus me ajude, eu
tive vontade de me jogar em cima dele. Dizer a ele que você é só minha, de mais
ninguém. – Eu me levantei e fui em direção a ela, dessa vez ela não me parou,
apenas me olhava, pasma com tudo. – Eu sou uma pessoa egoísta por não querer te
dividir com mais ninguém? Que seja. Mas ele não é bom o suficiente pra você,
nem eu sou, ninguém nunca vai ser. –
Eu coloco minhas duas mãos nas bochechas dela, meu bem mais precioso. - Mas
Sophia, eu prometo, com tudo que eu sou, fui e vou ser. Eu nunca vou parar de tentar de ser bom o suficiente pra você, esse
Rafael pode ser tudo, pode valer ouro, mas você vale mais. E eu aposto que ele
não sabe disso. Eu só te peço uma chance de te mostrar isso.
- Terminou?
- Sim.
- Tudo bem, eu preciso me sentar.
- Ah, claro. – Eu digo e sento na cama ao
lado dela.
- É errado?
- Muitas coisas são, mas o que,
especificamente?
- Me sentir assim, mesmo com o Rafael.
- Sentimentos nunca serão errados. – Ela olha
pra mim, seus olhos estão suplicantes.
- Não faz isso.
- Fazer o que?
- Me encantar, como você fazia, já que você
vai sumir de novo.
- Quem disse que eu vou sumir? – Eu digo
me aproximando dela, cada vez mais perto.
- Lucas... Não... – Eu não a deixo
terminar.
- Não pense demais, minha menina, apenas
aja como seu coração mandar. – E ai
foram como fogos explodissem, no exato momento em que nossos lábios se
conectaram. Foi como magia, uma magia tão poderosa, impossível de se controlar.
E ai, infelizmente minha consciência me trouxe a realidade, ela ainda tinha um namorado.
- Acho melhor parar. – Eu digo –
Infelizmente ainda existe um Rafael
em nossas vidas.
- Não fale assim dele.
- Desculpe – me.
- É melhor eu ir.
- Eu também acho.
- Okay – Ela diz levantando. – Ela se vira
pra porta.
- Soh!
- O que, Lucas?
- Eu te amo – Seus olhos amolecem, como se
ela escutasse a melhor coisa do mundo.
- Eu também te amo. Mas eu ainda tenho que
assimilar tudo, certo?
- Como quiser minha menina. Boa noite.
- Boa noite, Lu. – Ela diz e fecha a
porta. Aqui começa a minha não existência, minha não vida.
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