Crônica: Alô?
15:11
Quem deixou você atender a droga do telefone? Não era nem
para você estar em casa a essa hora, quanto mais atendendo ao telefone. Você
estragou um plano que foi pensado em todos os detalhes, e revisado uma ou oito
vezes. Tá achando que é quem?
Desde aquele dia eu tenho sido bem forte, talvez até
indiferente. Você parou de me atingir quando disse com todas as palavras que
estava desistindo. Simplesmente parou de doer quando eu falava ou pensava sobre
você. Pouca gente ainda tem coragem para me perguntar sobre nós, mas quando
aparece alguém provido da virtude da coragem, eu respondo todas as perguntas
sem desabar em lágrimas, ou bancar a coitadinha, a magoada. Falo numa boa, eu
tô numa boa. Quase como quem... Superou.
Afinal, superei. Ou pensava que tinha. Estava certa que
tinha. Até que você resolveu estar em casa para atrapalhar tudo e atender a
maldita ligação. Não doía mais, não sentia mais. As borboletas não mais se
agitavam dentro de mim quando eu ouvia o teu nome. E tudo que você precisou
fazer para reverter todo o meu progresso foi dizer “alô?”. Meu Deus... Meu
Deus!!! Quem você acha que é pra fazer isso comigo? De repente, assim,
totalmente conta a minha vontade, eu senti cada poro do meu corpo se arrepiar,
o meu coração bater tão rápido e forte que era quase audível, minhas mãos
tremerem de um jeito que mal consigo segurar essa caneta e as borboletas
aparentemente penduraram as bandeirinhas no meu estômago e entraram no clima de
São João.
Às vezes acho que esqueci. Que deixei pra lá. Que não me
importa mais. Às vezes tenho certeza disso. E você só precisou dizer uma
palavra (veja bem, não foi nem uma frase mega elaborada, foi UMA
P-A-L-A-V-R-A!) para me mostrar que não, você não faz o tipo desimportante e
esquecível. Está mais para ser daqueles que, quando conseguimos passar um dia
inteiro sem pensar, aparece em sonho.
Ah, meu bem, você não imagina o quanto eu te amei e odiei
nos segundos que se passaram durante a ligação. Não imagina o quão grande foi a
minha vontade de beijar e te estapear quando ouvi o adoravelmente maldito “alô”.
Não faz ideia de como foi receber aquela avalanche de emoções, a montanha de
saudade que, de uma só vez, desabou em minha cabeça. Pior que tudo isso, você
não imagina o quão doloroso foi ouvir aquele “tu-tu-tu”, quando apertei o botão
que desligaria a chamada, deixando para trás, uma última vez, todo o arrepio, a
tremedeira, as borboletas e você.
2 comentários
Como é ruim não ter controle sobre nós mesmos! Maldito coração </3
ResponderExcluirNem me fale, Suzana... Seria bem mais fácil se esse carinha não fosse tão entrometido, né?
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