O nome dela era Luana: A Festa - Parte II
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Eu já estava bem nervoso por causa daquela sensação de que
algo bizarro ia rolar, e a Luana parecia estar fazendo questão de aumentar esse
meu mau pressentimento. Finalmente conseguimos sair de casa (!), fomos os três
em direção ao carro, um silêncio absoluto reinando na noite estranhamente
quieta (o que não poderia ser classificado como estranho naquela noite? Fala
sério, eu tava usando camisa social!).
A Carol estava absorta nos seus pensamentos sobre o Lucas, o
que estava me enchendo de pena - mas não podia me dar ao luxo de ficar
preocupado demais com isso, eu tinha que me concentrar para não acabar
tropeçando nos meus próprios pés. Ou pelo menos era nisso que eu estava
concentrado até reparar que a Luana estava andando atrás, olhando pro chão,
mordendo os lábios e tamborilando as unhas em tudo que era possível.
- Lu?
Ela estava com algo na cabeça, algo que estava deixando a
minha menina preocupada e distraída. Eu percebi isso pelo modo como ela estava,
e confirmei quando ela deu um pulo ao ouvir seu nome.
- Pois não?
- Tu tá legal?
- Aham.
- Não parece.
- Mas tô.
- Mas não parece.
- Não enche, mãe. Vou atrás.
Atrás? Luana andando no banco de trás do meu carro? Ok, isso
realmente era bem preocupante. A Luana nunca ia atrás, e sempre deixou claro
que por ela, dirigiria ela mesma.
- Certo. – eu disse, e então, quase sem pensar, mas ao mesmo
tempo pensando muito antes de falar, eu soltei – Não acredito que você está me
arrastando, essa hora da noite, para o outro lado da cidade pra ir a uma festa.
Tenho direito a uma dança. No mínimo.
- Sim senhor, capitão. – ela respondeu, sem me olhar, e
entrou no carro soltando um suspiro.
A Carol entrou no carro em silêncio, perguntei se ela queria
escolher a música. Óbvio, foi algo idiota a se fazer, considerando que ao meu
lado estava sentada uma jovem com o coração completamente partido.
Éramos
então, três jovens adultos bem vestidos, sentados confortavelmente dentro de um carro, rumo
a uma festa que supostamente animaria a vida (ou, pelo menos, a noite) de todos - apesar de nenhum aparentar
estar animado para isso –, em uma noite fria de outono, ao som de Marcelo
Camelo duetando Janta com Mallu Magalhães. Para melhorar os ânimos de geral, começou a chover. Ah, eu mal sabia como aquela noite
seria longa...
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