Crônica: Pode me julgar que eu não ligo (mentira)
15:28
Parece estúpido (e é!),
mas até aqui às vezes eu me vejo medindo o que falo. Perguntando-me
o que sairia melhor dizer. Pior, tenho receio de expressar tudo o que
eu sinto. Repreendo-me falando que é bobagem, que eu tenho que parar
de ser besta e deixar de drama. Eu invalido e reduzo o meu
sofrimento. Mas quem é que pode julgar o que eu deveria ou não
sentir, e que sofrimento é plausível ou não? E por que eu me
importo tanto se alguém está disposto a julgar isso? Porque eu sou
a primeira a julgar a mim mesma.
Esse texto já se inicia
com uma repressão. E, no dia a dia, é esse tipo de comportamento
que eu reproduzo. Do julgamento a mim mesma, eu parto para os outros.
Da minha própria preocupação com o que vão pensar de mim, nasce a
minha preocupação com os outros. Se eu julgo alguém, é porque
julgo quem eu sou também. Se eu me aceitasse e me concedesse
liberdade, eu não precisaria acorrentar os outros assim como eu me
aprisiono. Na realidade, tudo não passa de um movimento egocêntrico
e infeliz.
Partindo desse pensamento
é que eu reflito sobre a razão pela qual eu não devia me preocupar
tanto assim. Porque se há alguém me julgando, eu estou sendo apenas
um instrumento para alimentar o ego da pessoa em questão. Alguém
fraco, inseguro, assim como eu estou sendo. Enquanto aquele cara que
está dando ao mundo mil motivos para ser julgado, mas não lida
porque acredita em quem ele é, está milhões de vezes mais feliz,
pois ele não precisa olhar para ninguém para ter certeza disso.
Quando nós julgamos os
outros, a preocupação verdadeira nunca está neles, o erro nunca
está lá, mas está em nós mesmos. Tentamos nos afirmar e nos
valoriza por meio da comparação com o próximo, através de um
certo espelhamento. O que vemos de errado dos outros não passa de
puro reconhecimento dos nossos próprios defeitos. Portanto, se
sabemos que estamos sermos julgado, precisamos ter consciência de
que, na realidade, não tem nada de errado conosco. Não há motivo
para preocupação.
É claro que tudo isso é
mais bonito na teoria. Na prática, não é tão fácil agir assim.
Eu me pego todos os dias julgando os outros e me regrando. Mas isso
gasta uma energia danada. É como trocar as lâmpadas da sua casa por
um modelo mais econômico. Pode sair caro comprar lâmpadas novas,
mas fazendo um balanço do quando de energia você gastava e o quanto
você vai economizar com essa medida, vale muito mais a pena tomar
essa atitude. É mais fácil seguir os outros. Aceitar-se é
incrivelmente difícil. Além de ser um processo contínuo, mas
fazendo um balanço, sem dúvidas sai muito mais em conta.
Eu tenho que parar de buscar a aprovação do próximo. Parar de tentar mudar coisas que não estão ao meu alcance e me culpar por isso. Parar de me procurar fora de mim. Parar de acumular tantos pesos desnecessários nas minhas costas. Parar para simplesmente não ser paralisada. E eu gostaria que quem está lendo isso também fizesse essa reflexão. Porque nós somos os únicos juízes que valem para nós mesmos.
Eu tenho que parar de buscar a aprovação do próximo. Parar de tentar mudar coisas que não estão ao meu alcance e me culpar por isso. Parar de me procurar fora de mim. Parar de acumular tantos pesos desnecessários nas minhas costas. Parar para simplesmente não ser paralisada. E eu gostaria que quem está lendo isso também fizesse essa reflexão. Porque nós somos os únicos juízes que valem para nós mesmos.
Por isso, eu vou mais é
expressar meus sentimentos aqui sim. Ou pelo menos, tentar. E se
alguém achar que é draminha ou desnecessário, pode fechar a aba do
navegador e procurar algo que julgue ser mais enriquecedor. Já
contrariando as expectativas ,não vou terminar esse texto-desabafo
com frase de efeito nenhuma. Porque não sou obrigada. Nem mesmo sou
remunerada para isso. Esse blog é meu refúgio, e sou grata por ter
esse espaço todos os dias. Aliás, obrigada aos que ficaram até a
última frase. E aguardem pelos próximos textos nada úteis que
virão, como sempre, porque eu pretendo nunca deixar esse hábito de
lado.

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