Diário: Reencontro
13:10
É uma forma perigosa de funcionar, mas não tenho muito o que fazer. Me conformei que eu sou assim, sabe? Eu só preciso aprender a administrar esse meu potencial autodestrutivo. Autoconhecimento ajuda muito nesse processo. Organização também. Escrever, mais ainda. Por isso estou me permitindo escrever qualquer besteira por aqui, só para desencargo de consciência e preocupações. Sinto muita falta dessa prática. Como não posso me forçar a voltar a ler e escrever do nada, estou tentando aos poucos. Tenho lido os contos e crônicas que minha professora de literatura indica. Atualizo o Bullet Journal, escrevo no Uma Pergunta Por Dia, um livrinho interativo maravilhoso. Baixei até um aplicativo de diário no celular, só para me forçar a fazer as ideias fluírem. Estou muito enferrujada, é fato. Mas nada que um tantão de paixão não resolva.
Esses pensamentos decorreram de uma lembrança que tive esses dias. Vislumbrei eu mesma aos 13 anos, me imaginando aos 18. Fiquei me perguntando se eu sou quem ela gostaria de ser naquela época. Fiz uma tatuagem incrível recentemente, que representa tudo que eu sou e esse blog, que ela provavelmente adoraria. Namoro um cara fantástico, o qual parece ter sido desenhado com esmero para se encaixar comigo, e Ana de 13 anos ficaria maravilhada. Aceitei meu cabelo, às vezes gosto de quem sou e estou tentando me amar, um processo árduo que tem dado frutos. Estou me esforçando na escola e no cursinho, bem focada no Enem, e isso certamente é motivo de orgulho. Porém, eu a decepcionaria com o quanto me afastei do blog, dos meus livros, do meu hábito de escrever, dos desenhos, das fotografias, da leitura de outros blogs, de quem eu sou. Essa lembrança e a tatuagem me fazem lembrar que sou mais que notas e aprovação, sabe? Eu sou alguém cheia de sonhos e mereço um tempo para mim, para me expressar. Perdi isso em algum lugar durante esse tempo, mas sei que ainda está dentro de mim e que posso recuperar.
Enquanto isso, encho meus dias de esperança com pequenas alegrias cotidianas: o barulho das folhas secas se quebrando quando eu piso debaixo das árvores da escola; o cheiro adocicado da tangerina que eu abri ontem no meio da tarde; pegar um lugar vazio, na sombra e junto à janela no ônibus, como ocorreu hoje mesmo; ser surpreendida com uma barra de chocolate por alguém especial que lembrou de mim; ou quando a brisa bate e esvoaça meus cabelos, resfriando a nuca exposta nesses dias de calor. São provas, para mim, de que mesmo na monotonia da rotina, é possível encontrar beleza, poesia. São estímulos para que eu continue sonhando, ininterruptamente.
Eu não sou uma máquina de assistir aula e resolver questões. Pensar em mim não vai tirar minha vaga na faculdade. Eu sou suficiente e estou me esforçando, do meu jeito. Agora, só preciso enfiar essas coisas na cabeça.
Ah, e obrigada senhor (ou senhorita) Pudim por todo o apoio.
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