A essência que fica
17:45
É aproveitando o fim de tarde de um sábado qualquer e uma bela vista
de sol poente pela janela que redijo meu primeiro post para o blog após o ENEM.
Obviamente não estou em casa, porque a janela do meu quarto dá para os fundos
de uma universidade e tudo que enxergo são ar-condicionados pendurados na
parede. No momento, vejo a luz dourada refletindo nos prédios e o céu azul
desbotado, o qual me inspira a escrever algo tão belo quanto essa paisagem,
pois essa é minha paixão: traduzir em palavras a beleza que me cerca.
Não pude realizar essa tarefa com frequência ao longo do
ano. Quando pegava em papéis e canetas (ou nas teclas do computador), meu
objetivo era somente organizar parágrafos de uma possível redação ou escrever
resumos das matérias as quais estava estudando. Não me arrependo, é claro, pois
sei que o resultado desse esforço virá algum dia, mas não posso esconder o quão
doloroso foi esse processo. Meses sem acompanhar meus blogs favoritos, sem
criar um post sequer, sem me perder nos devaneios das histórias que eu invento
ou sem rabiscar alguns desenhos no meu caderno. Era tudo química, física,
história, matemática... Conheci diversas obras incríveis nas aulas de
literatura. Aprendi um montão com meus professores de história. Até criei um
perfil de estudos no Instagram, para compartilhar meus resumos feitos com tanto
esmero e sanar um pouco a vontade de escrever. Porém, fui privada desse
espaçozinho que tanto amo na Internet, que tanto faz parte de mim.
Sei que não se trata de meu primeiro sumiço e outras ausências
virão. Só estou começando essa jornada chamada “vida adulta” e, ao contrário
das falácias no Facebook, ela não se resume a pagamento de boletos e xerox na
faculdade. Muitas responsabilidades estão por vir. Alguns sonhos adolescentes se tornam mais distantes, como
morar em Londres com as amigas ou manter um blog sobre sentimentos. No entanto,
eu não acredito que o acaso é responsável por afastá-los de nós, é nossa culpa
deixá-los ir embora. E eu não quero deixar partir certas partes de quem sou. De algumas coisas precisamos nos livrar, por exemplo, amigos que percebemos
não nos fazer mais tão bem e atitudes mimadas enquanto se tem os pais para nos
aguentar. Outros aspectos não precisam, necessariamente, ser deixados para
trás.
Quando completei 18 anos, fiz uma tatuagem no braço para me
lembrar de todo o meu amor pelas letras e pelos sonhos. Ela representa a força da
minha criatividade, e esse blog é onde imprimo os resultados. Não é porque
ciclos estão se fechando e novas fases da vida estão começando que preciso
abandonar as crenças as quais me moveram por toda a adolescência. Eu acredito
no blog, eu acredito em expandir quem eu sou e eu acredito nos meus sonhos. Eu
acredito na beleza que me cerca e no meu poder de senti-la. Acredito no meu trabalho por aqui e não pretendo deixá-lo tão cedo - de preferência, nunca. Sei, também, que há pessoas cheias de amor acreditando em mim.
Os raios de sol já não iluminam os prédios lá fora, o quarto está escuro, e este texto
míngua como o dia. A escuridão cai sobre as ruas, mas o brilho que há em mim se
intensifica. Eu estou de volta e não pretendo parar. Talvez aconteçam outras
pausas geradas pelas necessidades impostas pela
vida, mas, assim como a noite que cai sobre mim agora, esses momentos terão seu fim. O dia irá raiar, e o meu ímpeto por escrever me trará de volta.
2 comentários
As pausas que vocês fazem parecem, para mim, como um eclipse que dura mais do que eu gostaria, porém sempre dura o tempo exato para que voltem a irradiar com mesma (ou maior) intensidade os meus pensamentos, meus sonhos, meu ser
ResponderExcluirAAAAAAAAAAAAAAAA TE ADORO <3
Excluir